ATA DA PRIMEIRA REUNIÃO
ORDINÁRIA DA PRIMEIRA COMISSÃO
REPRESENTATIVA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 08.01.1997.
Aos oito dias do mês de janeiro do ano de mil novecentos e noventa e
sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Comissão
Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e trinta
minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos Garcia, Clovis
Ilgenfritz, Fernando Záchia, Guilherme
Barbosa, João Dib, Juarez Pinheiro,
Maria do Rosário, Paulo Brum, Renato
Guimarães, Titulares; e João Carlos Nedel, Suplente. Ainda, durante a Reunião,
responderam a chamada os Vereadores Anamaria Negroni, Eliseu Sabino, Gerson
Almeida, Isaac Ainhorn, José Valdir,
Nereu D'Ávila e Reginaldo Pujol, Titulares, e Antonio Hohlfeldt, Cyro
Martini e Lauro Hagemann, Suplentes.
Havendo "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos
da presente Reunião Ordinária. À MESA
foi encaminhado, pelo Vereador Fernando Záchia, 01 Pedido de Informações nº
00l/97 (Processo nº 195/97). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nºs: 54l, 544,
545/96, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 906/96, do Deputado
Federal Júlio Redecker; 1230, 1284/96,
do Senhor Carlos Ubiratan dos Santos, do Gabinete do Presidente da
Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; 1914/96, do Senhor
Renato da Costa Figueira, Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do
Rio Grande do Sul; 2052, 2054, 2060, 2062, 2064, 2067 e 2069/96, do Deputado
Federal Mendes Ribeiro Filho, Chefe da Casa Civil do Estado do Rio Grande do
Sul. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Renato Guimarães teceu considerações a respeito da venda da Companhia Vale do Rio
Doce, dizendo que se um país pretende
construir a sua soberania, a sua identidade em relação a outros, não pode pôr em risco seu patrimônio
público, entregando aquilo que lhe é
estratégico. O Vereador Juarez Pinheiro
reportou-se à matéria
publicada no Jornal Zero Hora do dia
quatro do corrente mês, a respeito do primeiro assalto a banco ocorrido no ano
recém iniciado, criticando a Associação e o Sindicato dos Bancos por ação
impetrada contra a Lei nº 7494,
que obriga as agências e postos de serviços bancários a instalarem porta
eletrônica e segurança individualizada em todos os acessos destinados ao
público. O Vereador João Dib, falando sobre a posse dos Suplentes Cyro
Martini e Lauro Hagemann, disse que,
coerente com os seus princípios de
seriedade e responsabilidade, cobrará do Presidente da Casa eventuais custos
oriundos do descumprimento da lei que rege a posse de vereadores suplentes. A
seguir, o Senhor Presidente respondeu a
colocações feitas pelo Vereador João Dib
em seu pronunciamento, dando ciência ao Plenário de Parecer exarado pela Procuradoria da Casa, no qual consta,
após explanação, verificar-se "que a
convocação dos suplentes
foi legalmente realizada em Sessão Ordinária, não se
tratando de suplência na Comissão Representativa, mas, sim, de chamamento para
substituição de titular licenciado por investidura em cargo público previsto no
artigo 68 da Lei Orgânica, mantendo-se, portanto, a representação partidária e o número de Vereadores estabelecido na
Constituição Federal para esta Casa Legislativa". Após, o Senhor
Presidente, atendendo Requerimento do Vereador João Dib, determinou o
fornecimento de cópia do Parecer da Procuradoria a Sua Excelência e o Vereador Juarez Pinheiro solicitou a retirada
de pedido feito na Reunião do dia dois do corrente, de que fosse ouvida a
Comissão de Constituição e Justiça quanto à posse dos Suplentes Cyro Martini e
Lauro Hagemann. Em COMUNICAÇÕES, o
Vereador Guilherme Barbosa referiu-se ao projeto de sua autoria, aprovado pela
Casa, pelo qual o Departamento Municipal de Águas e Esgotos assume a tarefa de
ampliação e manutenção do sistema público de proteção contra o fogo em nossa
Cidade, salientando a precariedade dos equipamentos e condições de trabalho do Corpo de Bombeiros. Registrou, ainda,
sua contrariedade com o processo de
privatização da Companhia Estadual de Energia Elétrica. O Vereador Gerson
Almeida teceu considerações sobre projeto do Vereador Nereu D'Ávila, referente ao cercamento do Parque
Farroupilha, analisando os índices de violência observados nessa área e a forma
de vigilância da mesma, posicionando-se contrariamente ao seu cercamento. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Nereu
D'Ávila reportou-se ao pronunciamento
do Vereador Gerson Almeida no tocante
ao projeto que trata do
cercamento do Parque Farroupilha,
dizendo que a sua proposta objetiva a necessária proteção do patrimônio
público e a preservação da segurança
dos porto-alegrenses. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Eliseu Sabino externou seus agradecimentos a Deus e à comunidade evangélica da Zona Sul, pela oportunidade de realizar um trabalho aberto, franco e
livre em prol da Cidade e dos munícipes, dizendo que pretende continuar aqui
sua atuação em prol da criança carente de nossa Cidade. O Vereador Adeli Sell
criticou o comportamento do Presidente da República no referente à reeleição,
dizendo que os interesses maiores do conjunto da nação estão sendo relegados a segundo plano.
Analisou, ainda, os problemas enfrentados pelo setor agrícola, principalmente
os produtores da Capital e do Vale do Caí, sugerindo um debate público sobre a criação de novos pontos de
distribuição de alimentos. O Vereador João Carlos Nedel externou sua satisfação por pertencer a esta Casa,
comprometendo-se com uma oposição
responsável e alerta em defesa do bem comum e dos interesses de Porto Alegre.
Comentou notícias veiculadas pelos
jornais, na semana passada, de que o
desemprego seria a maior preocupação nacional, solicitando a discussão de
medidas efetivas no Município para amenizar o problema. O Vereador Cyro Martini
lamentou colocações hoje feitas pelo Vereador João Dib , acerca da posse de
Suplentes na Casa. Rebateu críticas feitas pelo Secretário de Justiça e Segurança Pública do Estado a servidores do Departamento Estadual de Trânsito - DETRAN - questionando
os reais motivos da
agilização verificada no processo de privatização daquele Departamento. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib
reportou-se a procedimentos efetivados por ocasião da Sessão de
Instalação da Décima Primeira Legislatura, há quatro anos, quando o Vereador
Giovani Gregol solicitou licença, tendo, na mesma Sessão, sido empossado o
Vereador Gerson Almeida. Destacou
diferenças desta situação com as licenças solicitadas dia dois do corrente mês,
pelos Vereadores João Verle e Henrique Fontana. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador
Fernando Záchia reportou-se às
colocações feitas pelo Vereador Guilherme Barbosa, sobre o Corpo de Bombeiros,
lendo notícia veiculada pelo Jornal Correio do Povo de hoje, de que o Governo
Estadual adquiriu grande número de equipamentos, os quais deverão ser
encaminhados ao Corpo de Bombeiros até março deste ano. O Vereador Antonio
Hohlfeldt saudou os vereadores presentes e comentou o Veto Parcial aposto ao
Código Municipal de Saúde, analisando particularmente o artigo 36, relativo ao
uso de sobras de alimentos por entidades de assistência social. Criticou o Veto
aposto pelo Governo Municipal, atentando para o fato de que os itens vetados
haviam sido previamente acordados junto à bancada governista. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, o Vereador Gerson Almeida comprometeu-se com o Vereador Antonio
Hohlfeldt no sentido de buscar o total cumprimento dos acordos aqui firmados.
Contestou pronunciamento feito pelo Vereador Nereu D'Ávila, de defesa do
cercamento do Parque Farroupilha. O Vereador Antonio Hohlfeldt reportou-se
à resposta encaminhada pelo Executivo Municipal ao Pedido de
Providências nº 42l/96, de sua autoria, considerando-a insatisfatória e solicitando ao Senhor Secretário Municipal
dos Transportes medidas efetivas para os problemas de trânsito existentes na
Rua Cruz Jobim e adjacências. Às onze
horas e quarenta e um minutos, nada
mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos da
presente Reunião Ordinária, convocando os Senhores Vereadores para a próxima Reunião Ordinária da Comissão
Representativa, a ser realizada amanhã,
no horário regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis
Ilgenfritz, Paulo Brum e Reginaldo Pujol e Secretariados pelos Vereadores Paulo
Brum e Fernando Záchia, Secretário "ad hoc". Do que eu, Paulo Brum,
1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada por
mim e pelo Senhor Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Ver. Renato Guimarães está com a palavra no período
de
COMUNICAÇÕES
O SR. RENATO
GUIMARÃES:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Eu venho aqui chamar a atenção para um
problema que afeta a Nação como um todo, que é a venda da Cia. do Vale do Rio
Doce. Eu chamo a atenção para este problema, porque acho que a sociedade como
um todo, os parlamentares, os Executivos têm que dar uma resposta para a
questão da privatização da Vale do Rio Doce.
Do meu ponto de vista, um
País que quer construir sua soberania, que quer construir sua identidade em
relação aos outros países, não pode de maneira nenhuma pôr em risco seu
patrimônio público, entregar o que de mais estratégico tem. No meu
entendimento, a Cia. Vale do Rio Doce tem esse elemento, e a sua venda
significa a entrega para o capital estrangeiro de uma empresa de total
importância para a Nação brasileira. Temos que fazer a discussão do caráter de
empresa pública que queremos, temos que
fazer a discussão da sua democratização, mas de forma alguma podemos aceitar a
venda da Cia. Vale do Rio Doce.
Gostaria de destacar hoje
essa discussão. Os Parlamentos têm que fazer um debate profundo do significado
da venda da Vale do Rio Doce. É essa a mensagem que trago aos colegas
Vereadores para que possamos aprofundar este debate para tirarmos uma resolução
contrária à venda da Vale do Rio Doce. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra. Ausente. O Ver. Paulo Brum está com
a palavra. Desiste. O Ver. Nereu D'Ávila está com a palavra. Ausente. A Verª.
Maria do Rosário está com a palavra. Ausente.
O Ver. Juarez Pinheiro está
com a palavra.
O SR. JUAREZ
PINHEIRO:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o jornal "Zero Hora" do dia 04 de
janeiro, numa página inteira, fez matéria sobre a questão do primeiro assalto a
banco nesta Cidade, no corrente ano.
A matéria iniciou assim:
"Duas pistolas calibre 765
apontadas contra sua cabeça é a lembrança que o gerente da agência Passo da
Areia da Caixa Econômica Estadual vai guardar do dia que antecedeu o começo de
suas férias. Nervoso, o bancário de 33 anos, que não quis se identificar,
contou ontem na Delegacia de Roubos e Extorsões de Porto Alegre como foi o
primeiro assalto a banco ocorrido este ano em Porto Alegre. O ataque ocorreu
por volta das 11 horas na Av. Benjamin Constant e rendeu a quatro homens
armados cerca de 32 mil reais. 'Isso é um assalto, ouviram bem?' Berrou um dos
criminosos ao sair da fila do caixa encaminhando-se à mesa do gerente. Naquele
momento, aproximadamente 30 clientes estavam dentro do banco. Três criminosos
trataram de imobilizar os dois seguranças da Caixa e recolheram o
dinheiro".
Eu chamo a atenção, Srs.
Vereadores, para o fato de que por crimes como este, em 1994, o Prefeito Tarso
Genro, em trabalho elaborado em conjunto com o Sindicato dos Bancários,
encaminhou a esta Casa um Projeto de Lei que foi aprovado por este Plenário e,
sancionado, tornou-se a Lei 7494/94, a qual, no art. 1º, torna obrigatória às
agências e postos de serviços bancários a instalação de porta eletrônica e
segurança individualizada em todos os acessos destinados ao público.
Posteriormente, essa Lei foi regulamentada através do Decreto nº 11207, do dia
10 de fevereiro de 95, e esses dois instrumentos, a Lei e o Decreto,
constituem-se na legislação mais avançada que se tem hoje neste País
relativamente à forma de coibir esse número
absurdo de assaltos a agências bancárias.
Incompreensivelmente, a
Associação e o Sindicato dos Bancos impetraram Mandado de Segurança Coletivo
que, ao final, apesar de terem conseguido uma liminar, foi derrotado pela 2ª
Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Primeiramente,
em nível de 1º grau, causou estarrecimento aos juízes que apreciaram os
diversos Mandados de Segurança, a petulância e a falta de sensibilidade desses
donos de bancos, que muito têm se beneficiado ao longo da vida deste País com
altos lucros, na sua falta de sensibilidade com a vida dos funcionários e
usuários. Chamo a atenção para essa sentença
de 1º grau, onde o Sindicato dos Bancos questionava a
constitucionalidade da Lei, observação feita pela Dra. Marciane Bronzanini,
Juíza Federal Substituta da 8ª Vara Federal de Porto Alegre. Diz a magistrada:
"Com efeito a edição desse diploma legal deu-se no exercício da
competência prevista no art. 30, inc. I da Constituição Federal de 88. Sem
dúvida alguma, a onda de assaltos a bancos, verificada nos últimos tempos e em
especial na época em que foi editada a lei impugnada, constitui-se em fato de
elevado interesse local, não só sob a
ótica do cidadão que faz uso dos serviços bancários, mas também daqueles que os
prestam; o sentimento de insegurança ao adentrar o estabelecimento bancário é
notório. As estatísticas policiais dão demonstração irrefutável desse dado.
Essa realidade é localizada, não abrangendo todo o Estado e nem pequenas cidades do interior. Com isso a
tomada de medidas que está agora 'sub júdice', não só se justificam, mas
principalmente são induvidosamente necessárias. A Lei nº 7.494/94 foi editada
em cumprimento ao dever constitucional do Estado de preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, vindo em evidente
benefício da impetrante, de seus funcionários e de seus clientes, sendo até demeritório o ato de se insurgir quanto
ao cumprimento da obrigação legal em análise." Esta é a manifestação da
magistrada, que foi assim lavrada.
Em nível de 2º grau, depois
de perderem o Mandado de Segurança
Coletivo, foram impetrados Embargos Infringentes e, novamente, o Poder
Judiciário denegou o recurso.
Não é mais admissível que
essa impunidade a esses Senhores continue sendo dada de forma que a sociedade
não faça com que, conjuntamente com o Poder Executivo, a Lei Municipal seja
cumprida. A Lei está definitivamente consagrada como constitucional e legal. Na
verdade não trata do sistema financeiro, mas sobre segurança das pessoas,
matéria concorrente para que tanto a União, Estados e Municípios possam
legislar, matéria de interesse local. Nesse sentido, considerando que,
principalmente, a Caixa Econômica Estadual e o Banco do Estado do Rio Grande do
Sul, que, na verdade, tratando-se de pessoas jurídicas vinculadas à
administração do Estado deveriam preocupar-se não só com o cumprimento do dever
legal, da questão da legalidade, como também na preservação da vida dos
cidadãos, é inaceitável que continuem omitindo-se no cumprimento da Lei. Por
isso, nós estamos encaminhando hoje, através do Presidente desta Casa, um
Pedido de Informações ao Sr. Prefeito Municipal para que, de forma clara, ele
nos informe quais são as agências que não cumpriram essa Lei Municipal e também
quais as punições que já foram impostas a essas agências ou bancos. Nós, a
partir dos dados, que por certo receberemos com a maior brevidade por parte do
Poder Executivo Municipal, vamos nos mobilizar, juntamente com o Sindicato dos
Bancários, e com todas as pessoas que querem ajudar a diminuir essa verdadeira
chaga social que coloca em risco a vida dos cidadãos, toda vez que entramos em
uma agência bancária. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra.
Desiste. O Sr. João Dib está com a palavra.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, vou repetir o que tantas vezes tenho dito: "Legislador,
antes de mais nada, é um fiscal do cumprimento da lei. Lei deve ser clara,
precisa, concisa e respeitada".
Vou responsabilizá-lo, Sr.
Presidente, se a lei for descumprida. Estou fazendo isso desde a primeira
Sessão para que não haja dúvidas depois. Tenho um passado coerente, sério e
responsável, gosto das pessoas, mas gosto
do cumprimento da lei. Tenho um grande carinho pelo Ver. Lauro Hagemann, me dou
muito bem com o Ver. Cyro Martini, mas lei é lei e há de ser cumprida. Tenho em
mãos cópia do Requerimento do Ver.
Henrique Fontana e do Ver. João Verle e a tramitação dada, dizendo que o Ver.
Lauro Hagemann tomou posse na Vereança no dia 1º de janeiro de 1997 em
substituição ao Ver. Henrique Fontana, licenciado para assumir cargo no
Executivo Municipal. O período da licença do Vereador, bem como o exercício da
Vereança do Ver. Lauro Hagemann, inicia em 02 de janeiro.
O Regimento da Casa diz como
se licencia um Vereador: para tratamento de saúde, para tratamento de interesse
particular, ou para assumir cargo público na forma do art. 68 da Lei Orgânica.
Essa é a única maneira que há de se fazer. Os dois Requerimentos pedem licença
a partir do dia dois de janeiro. E, Presidente Clovis Ilgenfritz, tenho aqui os
Anais da Casa. "Só para que o Plenário repleto saiba: o Partido dos
Trabalhadores terá licenciamento, a partir de 02 de janeiro, de dois
Vereadores. Assumirão, em seus lugares, o Ver. Lauro Hagemann, do PPS, que será
Líder de Bancada e o Ver. Cyro Martini,
do PT". A partir de 02 de janeiro estará instalada a Comissão
Representativa e, no passado, não foi possível ao Ver. Raul Carrion assumir na
Comissão Representativa. Teve que aguardar o reinício dos trabalhos. Portanto,
estou responsabilizando V.Exa., Sr. Presidente, pelos custos desta convocação,
se for realmente efetivada.
O Sr. Juarez
Pinheiro:
V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Prezado Ver. João Dib, que
é reconhecido por todos como Vereador que conhece o Regimento; por sua
trajetória como Prefeito, conhece as leis do Município; estuda, que é uma
questão importante, e que serve de exemplo para todos nós. Possivelmente, pela
formação que tem de engenheiro e, aliás, reconhecida por esta Cidade por todas
as homenagens que lhe são prestadas, não fez a reflexão jurídica. É natural para todo ser humano, mas V.Exa. está cometendo um grave equívoco de
interpretação desta questão. A matéria é polêmica. Na verdade este equívoco
induziu não só a sua posição, mas o próprio Plenário. Na Sessão de Instalação
desta Legislatura, dois pareceres colocaram equivocadamente que, durante a
Sessão Representativa, não seria possível um suplente prestar compromisso, isso
é assumir o seu mandato. Quero dizer que esse é um grave equívoco. Se
V.Exa. pegar o Regimento da Casa, no
art. 20, inc. II, vai verificar que é possível ao próprio Presidente, não
precisando ser o Plenário, na Comissão
Representativa dar posse aos Vereadores. Com base nesses dois pareceres
equivocados e com base em uma lacuna no nosso Regimento de não ser mais
expresso, temos que nos louvar da analogia. Isso é o que nos ensinam as primeiras lições da introdução ao estudo do
Direito. Vamos verificar, no art. 8º do Regimento Interno da Assembléia
Legislativa, que estabelecem que o Deputado que tomar em ocasião posterior, e o
suplente que assumir pela primeira vez prestarão, previamente, compromisso de
que trata o artigo anterior, em sessão da Assembléia, ou, se essa não estiver
reunida, perante o seu Presidente.
Então, está claro, tanto
pelo nosso Regimento, art. 20, inc. II, quanto pelo princípio de analogia, que
o Presidente desta Casa tem como dar posse a qualquer Vereador durante o
período da Comissão Representativa.
Quero dizer a V.Exa., com
base nesses dois pareceres, que, entendo, são equivocados, que a Casa foi
levada a um excesso de preciosismo jurídico, dando posse aos dois Vereadores
naquela Sessão já mencionada por V.Exa. Com base na solicitação de afastamento
dos dois Vereadores, hoje Secretários, com base no art. 219, VII, quero dizer
que o Presidente poderia dar posse no tempo anterior. Por excesso de
preciosismo, o Plenário, em sua totalidade, o fez. Ensina a Teoria Geral do
Processo que os atos processuais devem ser aproveitados. Com base na solicitação
de dois secretários, os dois Vereadores se afastaram no dia 02 de janeiro e
passam a receber suas remunerações a partir do dia 02 do mesmo mês; na
Secretaria da Saúde e no DEMHAB. Aquele ato processual, de compromisso dos
Vereadores, é aproveitado e entra em exercício a partir de 02 de janeiro.
O SR. JOÃO
DIB: Sou
grato, pelo aparte, a V.Exa., que foi maior do que o meu discurso. De qualquer
forma, não sou um jurista, sou um Engenheiro Civil. Os engenheiros em geral são
pessoas que raciocinam; em Direito não inventaram uma regra que possa
desrespeitar o bom senso. O Regimento da Assembléia não me serve, quando tenho
um Regimento claro e preciso aqui. Poderia usar, se não houvesse precisão no
nosso Regimento. Além disso, o Prefeito da Cidade tomou posse naquela tarde na
Câmara Municipal, mas ele não assumiu o cargo na Câmara Municipal: foi assumir
lá adiante. O Presidente poderia dar posse a todos os suplentes, mas eles só
poderiam assumir dentro das regras. Diz o Regimento que se considerará, automaticamente,
licenciado o Vereador investido na
função pública. E quando ele se investe? No momento em que toma posse.
Parágrafo 1º do artigo 218: "prevista no inciso 8º, devendo optar pelos
vencimentos do cargo ou pela remuneração do mandato, a partir da respectiva
posse". O resto é conversa. Por isso , Sr. Presidente, eu dizia que vou
responsabilizá-lo pelos custos. E o próprio Regimento diz que 16 Vereadores são
suplentes dos outros 17 que fazem a Comissão Representativa.
Eu não tenho nada contra o
Ver. Cyro Martini, nem mesmo contra o
Ver. Lauro Hagemann; nem mesmo as agressões que me foram feitas eu vou
considerar, porque eu tenho convicções, e um homem de convicções tem que expô-las,
ainda que contrarie seus próprios amigos. E eu não vou mudar. O Regimento é
claro. A posse ele poderia ter dado a todos os suplentes, não apenas para os
dois suplentes do PT. Agora, assumir o
cargo de Vereador, é outro capítulo.
O Sr. Juarez
Pinheiro:
V.Exa. me permite um aparte?
O SR. JOÃO
DIB: Eu não
posso, porque tenho sete segundos e não tenho como fazer para concluir. Mas o
assunto vai continuar e eu repito que vou responsabilizar a Presidência e a
Mesa da Câmara por aquilo que eu
considero uma grande irregularidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Em respeito ao que foi dito na tribuna e dada a gravidade que isso possa
envolver, esta Presidência se sente na obrigação de esclarecer a todos os
Vereadores sobre o assunto, controverso, colocado com veemência pelo Ver. João
Dib. Isso merece maior respeito da nossa parte. E, por isso, fizemos consultas
à Diretoria Legislativa, conversamos com Vereadores que têm conhecimento
jurídico sobre o assunto, e fizemos uma consulta de ordem, através da Diretora
Legislativa, à Procuradoria. A ilustre Procuradora fez um Parecer que eu peço
licença aos Vereadores para que seja lido pelo Secretário. É um Parecer não
muito longo e, tenho certeza, o Ver. João Dib vai ficar satisfeito. A Dra.
Marion conclui pela validade do que aconteceu. Mas gostaria que fossem lidos os
argumentos e temos convicção de que, em resumo, a Sessão em que empossamos dois
substitutos era uma Sessão Plena e Ordinária e ela precisava continuar Plena,
se substituídos dois de seus membros, e isso aconteceu. E o parecer deixa claro
que é diferente de uma situação acontecida no ano passado, quando, durante o
recesso, um Vereador estava requerendo a sua posse. Então, os pareceres
realmente são controversos.
O Sr. João
Dib: V.Exa.
permite um aparte? (Assentimento do orador.) No dia 1º de janeiro, então,
tivemos 35 Vereadores?
O SR.
PRESIDENTE:
Nós tivemos 33 até o momento em que foi aceita a licença e imediatamente
supridas essas duas vagas numa Sessão Plena. Vou pedir ao Sr. 1º Secretário,
Ver. Paulo Brum, para que leia o Parecer da Procuradoria.
O SR. 1º
SECRETÁRIO:
(Lê.)
"PARECER
Vem a esta Procuradoria,
para Parecer, consulta do Sr. Presidente da Casa sobre questões apresentadas
pelo Ver. João Dib, na reunião, de 02.01.97, da Comissão Representativa,
relativas ao exercício da vereança dos Suplentes Lauro Hagemann e Cyro Martini.
Durante a 1ª Sessão
Legislativa Ordinária de instalação da XII Legislatura foram empossados os
referidos suplentes em substituição aos Vereadores Henrique Fontana e João Verle, em face de comunicação de afastamento para assumir
cargos no Executivo Municipal a partir de 02.01.97, data na qual entraram em
exercício, nos termos do art. 218, VIII, § 3º do Regimento deste Legislativo.
A questão de ordem
apresentada versa sobre a possibilidade de chamamento dos referidos suplentes
no período compreendido pelo recesso parlamentar.
É o Relatório.
A Comissão Representativa
funciona nos interregnos das Sessões Legislativas Ordinárias, com atribuições
regimentais específicas, que limitam as funções legislativas sem, contudo,
paralisar as demais funções executadas como Poder Legislativo Municipal.
O Regimento desta Casa prevê
em seu art. 79 que a Comissão Representativa é constituída pela Mesa e demais
Vereadores para este fim eleitos, de forma a alcançar, no mínimo, a maioria
absoluta da Câmara, resguardando a proporcionalidade das representações
partidárias, sendo os demais Vereadores suplentes por Bancada.
A exegese deste dispositivo
regimental vem gerando interpretações diversas que, em conseqüência, vem
trazendo diferentes posicionamentos quanto ao chamamento de suplentes no
recesso parlamentar.
Inicialmente, deve-se
esclarecer que os suplentes a que se refere o citado dispositivo legal, são
Vereadores titulares que não integram a Comissão Representativa, definição,
portanto, diferenciada, de suplente partidário.
No presente caso não estamos
em face de uma simples substituição durante o recesso parlamentar, mas sim de
uma convocação de caráter mais amplo que terá como termo provável o momento em
que o titular retorne as suas funções.
Na situação em tela, a norma aplicável é o artigo 219 do Regimento, que prevê a
convocação de suplente partidário em razão de licença, morte, renúncia ou
investidura em função pública prevista no art. 68 da Lei Orgânica Municipal,
nos moldes do art. 69 do mesmo diploma legal:
"Art. 68 - Não perde o
mandato o Vereador:
I - investido em cargo de
Secretário Municipal, Diretor de autarquia ou fundação, Procurador-Geral do
Município, bem como em cargos equivalentes em âmbito estadual ou federal;
II - Licenciado por motivos
de doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesses particulares."
Art. 69 - Nos casos de perda de mandado regulados por essa Lei
Orgânica e nos de legítimo impedimento, morte ou renúncia, o Vereador será
substituído pelo suplente."
Tal entendimento, por
exemplo, determinou no início da Legislatura anterior, a posse do suplente José
Valdir para substituir o Ver. Giovani
Gregol, designado para exercer o cargo de Secretário Municipal do Meio Ambiente,
e que, na ocasião, igualmente, licenciou-se para assumir a Presidência da
Fundação de Educação Social e Comunitária - FESC, tendo assumido o Ver. Gerson Almeida,
a partir de 01.01.93.
A posse dos Vereadores Lauro
Hagemann e Cyro Martini se deu em sessão ordinária, frente ao órgão colegiado
máximo desta Câmara Municipal, tendo sido efetuada pela autoridade competente,
nos termos regimentais:
"Art. 20 - Compete,
ainda ao Presidente: ... II - convocar
e dar posse aos Vereadores e Suplentes"; ...
A referida posse, como
direito individual subjetivo, está, ainda, embasada nos conceitos doutrinários:
"O suplente (de
deputados e senadores) poderá ser convocado em caráter permanente, nos casos de
vaga, ou em caráter temporário, nos casos de impedimento ou licença.
A vaga decorre da perda do
mandato legislativo, seja pela cassação, seja pela extinção do mandato (CF,
art.54), gerando uma convocação permanente. Em tal hipótese, tem o suplente o
direito de suceder ao congressista que tiver o seu mandato cassado ou extinto.
Já a convocação do suplente
em caráter temporário tem duas causas determinantes: a) a investidura nos
cargos mencionados na Constituição Federal (art. 56, I); b) a licença por
período igual ou superior a cento e vinte dias." (PINTO FERREIRA.
Comentários à Constituição Brasileira. São Paulo, Saraiva Ed., 1992, p.41.)
"O suplente (de
Vereador) tendo uma expectativa de
direito, no curso da legislatura, pode ver-lhe a expectativa mudar-se para
direito, em decorrência de substituição eventual do titular (licença) ou no
caso de vaga (perda do cargo, quer por morte, por renúncia expressa por
impedimento ou incompatibilidade).
O suplente é partidário. Não
se admite suplente de outro partido para a vaga deixada pelo titular
pertencente à representação partidária. O primeiro suplente partidário,
ocorrendo a vaga, tem direito subjetivo à sua assunção. Na hipótese de vaga
obtida por partido coligado, conserva essa condição, podendo assumir a cadeira,
obedecendo à classificação." (CASTRO, José Nilo de. Direito municipal
positivo. Belo Horizonte, Del Rey., 1991, p.85)
"Sendo a posse simples
ato administrativo de complementação da investidura no mandato, não depende de
deliberação do plenário, bastando que o presidente da sessão (na instalação da
legislatura) ou o presidente da Câmara (na apresentação dos vereadores
retardatários) apenas exija o diploma do eleito, e, no caso de suplente,
peça-lhe comprovação da ordem de
votação. Se houver impugnação ou dúvida sobre a legitimidade da posse, então,
sim, a decisão se transferirá para o plenário da Câmara, que aplicará a sanção
cabível, através de deliberação regimental.
A deliberação sobre impedimento ou incompatibilidades é privativa do plenário da Câmara, e só pode ser
tomada depois de empossado o vereador. Não há incompatibilidade ou impedimento
que vede a posse. Ocorrendo tal hipótese, o presidente da Câmara deverá
empossar o pretendente, para que, ao depois, o plenário delibere sobre a
ocorrência ou não de conflito entre os dois cargos ou entre a vereança e a situação pessoal do vereador, em relação
às suas demais atividades públicas ou particulares. O vereador a quem o
presidente negar posse, estando em condições legais que autorizem a sua
investidura no cargo, poderá obtê-la por via judicial, uma vez que o exercício
do mandato é um direito individual subjetivo, embora de caráter político."
(MEIRELLES, Hely
Lopes. Direito
municipal brasileiro. São Paulo, Malheiros Ed., 1990, p. 449.)
Este tem sido o entendimento
adotado em nível federal e estadual. O Regimento Interno da Assembléia Legislativa
estabelece, em seu art.8º, que o Deputado que tomar posse em ocasião posterior
e o suplente que assumir pela primeira vez prestarão previamente o compromisso
legal, em sessão da Assembléia, ou, se esta não estiver reunida, perante seu
Presidente; e, na Câmara Federal, o Deputado empossado posteriormente prestará
compromisso em sessão e junto à Mesa, exceto durante o período de recesso do
Congresso Nacional, quando o fará perante o Presidente.
Por todo o exposto,
verifica-se que a convocação dos
Suplentes foi legalmente realizada em
sessão ordinária, não se tratando de suplência na Comissão Representativa, mas
sim, de chamamento para substituição de titular licenciado por investidura em
cargo público previsto no art. 68 da Lei Orgânica, mantendo-se, portanto, a
representação partidária e o número de Vereadores estabelecido na Constituição
Federal para esta Casa Legislativa.
É o Parecer, s.m.j. Em
07.01.97 (a) Marion Alimena - OAB/RS 12.281 - Procuradora Geral - CMPA"
O SR. JUAREZ
PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, face ao bem lançado Parecer da
Procuradoria Jurídica desta Casa, da sua alta paridade jurídica de elaboração e
sensibilidade, quero retirar minha Questão de Ordem na Sessão anterior, onde eu
requeria que essa matéria fosse encaminhada à Comissão de Constituição e
Justiça. Já me dou por satisfeito com esse bem lançado parecer.
O SR.
PRESIDENTE:
Em resposta ao Ver. Juarez Pinheiro, esta Presidência aceita de pleno a sua
retirada. Está retirado o Requerimento para que esta matéria fosse enviada à
Comissão de Constituição e Justiça.
O SR. JOÃO DIB
(Requerimento): Requeiro à Presidência que me forneça cópia de tão substancioso
parecer jurídico, porque - eu acho - na Justiça as coisas se resolvem com muita
facilidade, não na Comissão de Justiça como queria o Ver. Juarez Pinheiro, mas
este Parecer deve ajudar bastante para que uma decisão seja tomada. Eu requeiro
cópia do parecer, Sr. Presidente.
O SR.
PRESIDENTE:
A Mesa autoriza a V.Exa. a expedição de cópia imediatamente ao término desta Sessão.
Com a palavra o Ver. Isaac Ainhorn. Ausente.
O Ver. Guilherme Barbosa
está com a palavra em Comunicações.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Na Sessão passada eu me referi a um
Projeto de minha autoria, aprovado pela Casa, que diz respeito a nova tarefa
para o Departamento Municipal de Águas e Esgotos no que se refere a assumir a
ampliação e a manutenção do sistema público de proteção contra o fogo em nossa
Cidade. E, não coincidentemente, até pela razão das altas temperaturas, tem
ocorrido uma série de incêndios em nossa Cidade. O resultado deste fato, as
notícias de jornais assim o dizem, é que fica constada a carência de mais
hidrantes na Cidade e, também, a manutenção dos já existentes. Às vezes, os
mesmos não funcionam a contento. Este fato chama atenção em outro aspecto e é
sobre este que eu quero me demorar neste momento: é a precariedade de
equipamentos e condições de trabalho do corpo de bombeiros da cidade, Ver.
Fernando Záchia.
Eu acho, então, que pela
aprovação do Projeto e a provável sanção do Prefeito, passando a tarefa da
ampliação e manutenção da rede de hidrantes na Cidade pelo DMAE, nós resolvemos
uma parte da questão. Mas não vai adiantar também que tenhamos hidrantes em
toda Cidade e todos eles funcionando bem, se o Corpo de Bombeiros, que é
exatamente quem vai utilizar esse sistema no combate ao fogo, não tiver as
condições suficientes para isso. E o que se vê nos noticiários é: falta de
efetivo, faltam veículos. Ontem mesmo, no incêndio ocorrido na Escola São José
do Murialdo, no Partenon, o Tenente André Vasconcellos dizia que eles estavam
naquele momento atendendo a três incêndios na Cidade, maiores ou menores, e que
estavam com um caminhão de pequeno volume que não conseguia atender de forma
adequada àquele fogo na escola. Tiveram que esperar um tempo, trabalhando como
podiam até chegar um outro caminhão.
Então, faltam veículos com qualidade e quantidade suficiente. As mangueiras quase sempre estão furadas , e,
às vezes, eles não têm o encaixe para
se ligar aos hidrantes. Os caminhões, quando estragam - essa informação
eu tenho -, são levados a consertos nas empresas de ônibus da nossa Capital, a
Carris e as outras, que fazem um trabalho de boa-vontade com o Corpo de
Bombeiros.
Eu acho que esta Casa tem
que fazer um movimento para que os bombeiros tenham uma condição melhor de
trabalho. Mas não será suficiente, nem pode ser sempre assim. Nós temos que
lutar, exigir do Governo Estadual que aumente a verba orçamentária da Brigada
Militar e que haja uma rubrica específica para o Corpo de Bombeiros. Este é um
problema de Porto Alegre, mas sabemos que é um problema de todo o Estado do Rio
Grande do Sul. São muitas as Prefeituras, assim como a nossa, que terminam
dando condições aos Bombeiros de trabalhar, porque o Governo do Estado não tem
dado essas condições. E já disse, e repito aqui, não é uma crítica apenas ao
Governo Britto, da mesma forma atuou o Governo Collares, o Governo Pedro Simon
e o Governo Jair Soares, não dando atenção suficiente ao nosso Corpo de
Bombeiros. É preciso, para que a Cidade esteja protegida, que não só o sistema
de hidrantes passe a ter uma situação ideal, que acredito que passará a ter
daqui a dois anos, mas é preciso que aqueles que trabalham com o fogo, que protegem a nossa Cidade, que muitas vezes
têm um trabalho de heróis, tenham
qualidade de equipamentos, recursos materiais para fazer um trabalho à altura.
Segundo ponto que quero abordar: não tive tempo de fazer isso no momento mais
importante no ano passado, assim como fiz com relação à CRT, no processo de
privatização da CEEE, que é um processo mais ousado, na verdade, do Governo do
Estado do que da CRT. A CRT, em princípio, é a venda de 35% de ações da Empresa
de Telecomunicações e no caso da CEEE é
a divisão da Estatal de energia elétrica em seis e a venda de três delas.
Haverá duas empresas de geração de energia: uma térmica e outra hidrelétrica;
será vendida a térmica, uma empresa de transmissão, mantida a estatal e três
empresas de distribuição de energia elétrica. A Constituição Estadual no art.
163 diz claramente: "incumbe ao Estado a prestação de serviços públicos
diretamente ou através de licitação sob regime de concessão ou permissão
devendo garantir-lhes a qualidade". No parágrafo 2º diz muito explicitamente:
"os serviços públicos considerados essenciais não poderão ser objeto de
monopólio privado". No caso da geração serão duas, não será
monopólio, mas no caso da distribuição
serão três, só que em cada uma delas operará numa região determinada e não
haverá concorrência. Portanto, ao meu
ver, também interpretação do engenheiro civil, mas, parece-me muito claro, o
art. 163, parágrafo 2º, que o Governo Estadual estará instituindo um monopólio
privado. O Estado está dividido em cinco regiões: sul, sudeste, centro-sul,
norte e nordeste e em cada uma dessas regiões o Governo do Estado está querendo
estabelecer um monopólio privado de energia elétrica. É um serviço essencial ou
não a energia elétrica? Acho que não há dúvida. Portanto, esse objetivo do
Governo do Estado é, na minha visão, claramente inconstitucional. O jornal Zero
Hora do dia 21 de janeiro diz: conta de luz lidera os aumentos de 1996 e esses
aumentos se deram em duas formas: uma, recuperação da inflação, mas a outra,
retirando os subsídios cruzados que existiam, quem consumia menos pagava menos
e assim ia, quem consumia mais pagava mais. Foram retirados e deu como
resultado o aumento maior que a inflação, no caso da energia elétrica. Será
isso por acaso? Não. Exatamente no processo de privatização, em todos os
setores, o governo tem feito isso. O Banco Mundial não financia empresa de
energia elétrica que trabalhe com a tarifa menor que 68 dólares por
megawatt/hora. O Governo Federal, desde a época do Delfim Neto, veio achatando
a tarifa e nós chegamos no ano de 1993 apenas 37 dólares por megawatt/hora,
tirando toda a capacidade de investimento das empresas do País; inclusive, na
CEEE, uma das razões de dificuldades da Empresa é por causa disto: o
achatamento violento da tarifa. Pois
bem, quando o governo se prepara para privatizar a CEEE e muitas outras no
País, ele vai aumentando a tarifa, e hoje ela é a mais alta tarifa que a
CEEE já teve em sua história: 85
dólares o megawatt/hora, quando ela foi, no momento, achatada em 37; hoje, é 85
dólares, vai-se entregar um filé para a iniciativa privada, como se faz sempre.
Com essa tarifa, em 5 anos a CEEE se recuperaria como estatal, mas, agora que a
tarifa está muito boa, vai ser passada para a iniciativa privada. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Gerson Almeida está com a palavra em
Comunicações.
O SR. GERSON
ALMEIDA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu queria falar hoje de um assunto que, vez
por outra volta a debate na nossa Cidade e que tem sido objeto, nos últimos
dias, de vários debates de que tenho participado, especialmente junto com o
Ver. Nereu D'Ávila, que é relativo ao Projeto de cercamento do Parque
Farroupilha.
Esse assunto volta
corriqueiramente ao debate na Câmara com os mesmos argumentos, repetidos, e
bastante sovados. Apesar de o Ver.
Nereu D'Ávila dissociar uma coisa da outra, o Projeto encerra uma idéia de
cidade e uma idéia sobre a solução de problemas urbanos importantes, que,
muitas vezes, vai pelo mais fácil. Acontece um nível de ocorrências policiais
em determinado lugar, vai-se lá e cerca-se o lugar. Acontece determinada coisa,
vai-se lá e se impede que a população comece a ter acesso àquilo. Daqui a
pouco, teremos o trânsito dentro da via pública, o trânsito na cidade
interrompido e, se levarmos isso à radicalidade, teremos um policial em cada
esquina, um grupo de policiais em cada entrada de lugar público e teremos uma
cidade policial. Não é esse o nosso interesse. Nós, naturalmente, queremos
segurança nos lugares públicos. Agora, temos que tomar as medidas adequadas
para isso e que não firam o nosso ideal de cidade. Nós, legisladores
municipais, temos a responsabilidade de ligar cada ato e cada gesto cotidiano e
diário nosso a uma idéia geral de cidade. O Ver. João Dib, acredito, concorda
comigo. Se temos um ideal de cidade e ficarmos legislando, discutindo questões
que viram as costas para isso, teremos a rigor um discurso vazio de ideais e
uma prática radicalmente diferente.
Procurei dados junto à
Brigada Militar, órgão responsável pela segurança pública do nosso Estado,
isento em relação às questões do município, naturalmente, e junto ao Major
Wilson, que responde, hoje, pelo comando do 4º Regimento de Polícia Montada,
que é a área de abrangência do Parque da Redenção. Ele me colocava os dados
mais recentes de que dispomos, ou seja, que de julho a dezembro de 96 - ele
comprometeu-se a me trazer nos próximos dias os dados arrolados nos últimos
dois anos - houve 81 ocorrências dentro do parque da Redenção; 81, em 6 meses,
significa menos de meia ocorrência por dia. Mas vejam bem, dessas 81
ocorrências, 45, mais da metade, foram abordagens que os policiais da Brigada
Militar fizeram em pessoas suspeitas por algum motivo. O policial foi lá,
delicadamente, conversou com a pessoa e tomou as medidas adequadas. Ou seja,
são abordagens, a rigor, não são ocorrências policiais, são o exercício da
responsabilidade policial. Convenhamos que isso demonstra, segundo os dados do
Órgão de Segurança Pública do Estado, que a Redenção é um lugar mais seguro do
que as ruas da Cidade Baixa, do Bom Fim e outras, porque a média de ocorrências
em torno é maior do que isso.
Então, não há nenhum motivo
específico de violência no Parque da Redenção que justifique seu cercamento,
que é o principal argumento utilizado. Esse argumento está destruído. Ele não pode continuar a ser usado de forma
séria, porque podemos levantar isso como hipótese, no entanto, no momento em
que os dados demonstram o contrário, parece-me que qualquer pessoa que queira
fazer um debate sustentado em fatos não pode mais continuar sustentando esse
argumento, a não ser que questione os dados da Brigada Militar, e aí é outra
coisa. Porque se se vai questionar esses dados na Redenção, tem que se
questionar os dados do Estado inteiro.
O Sr. Fernando
Záchia:
V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu concordo
com os argumentos de V.Exa., também sou contrário ao cercamento da Redenção. O
que estranho é que esse Projeto tramita nesta Casa há mais de 10 anos, e nada é
acrescentado. Parece-me que é só para ocupar espaço na mídia. Sempre no início
de período legislativo ele vem à tona, mas no momento da votação ele é
retirado. Até me alegro, pois ontem li alguma coisa que, talvez, levasse o Ver.
Nereu D'Ávila a apresentar alguma
Emenda que tornasse essa discussão mais produtiva. Fala-se, fala-se, mas esta
Casa não vota o Projeto.
O SR. GERSON
ALMEIDA:
Agradeço o aparte. Nós levamos e levaremos esse debate até o momento da
votação. Se surgir algum fato novo, nós o retomamos. Caso contrário, ele fica
na gaveta. Aproveitando, acho que o Ver. Nereu D'Ávila trata seriamente da
questão, mas aproveita-se, eventualmente, de ocorrências da Redenção para
sempre trazer o assunto. Sobre segurança, parece-me, a questão está resolvida,
até porque a Prefeitura, quando eu era Secretário, fez um convênio com a
Brigada Militar e forneceu duas viaturas, duas motocicletas, um sistema de
rádio e colocou um posto policial militar permanente na Redenção. Não tem lugar na Cidade mais seguro, ou com
maior policiamento do que a Redenção. Qual é o lugar que tem 24 horas de vigilância, além dos quatro, ou seis
guardas-parques?
O Sr. João
Dib: V.Exa.
permite um aparte? (Assentimento do orador.) O Parque, após ser cercado, seria
fechado à noite?
O SR. GERSON
ALMEIDA: O
Ver. Nereu D'Ávila não deixou clara essa questão. No entanto, vou citar mais
alguns exemplos. O Vereador tem usado argumentos de que na Europa vários
parques são fechados. É a velha tradição de importar tudo. A verdade é que
existem muitos parques fechados na Europa, mas a grande maioria desses parques tem origem nos
jardins privados da aristocracia. Eram os jardins onde os reis, os condes e as
condessas brincavam. A República abriu esses parques à população, para
justamente não apartar aquelas áreas da população, ou seja, aquelas áreas foram
uma conquista republicana ao conjunto
da população. Portanto, são exemplos
ruins, são maus exemplos, e o Vereador sabe, eu já conversei com ele sobre
isso, e esses argumentos continuam sendo usados. Ou nós queremos importar
também a aristocracia para a cidade de Porto Alegre que é, essencialmente,
republicana. O nome "Parque Farroupilha" é exatamente uma homenagem dos
cidadãos de Porto Alegre àquela epopéia republicana que, inclusive, colocou o Rio Grande do Sul e Porto Alegre no
cenário das grandes revoluções da época à frente do movimento realizado no
País. Ou seja, por tradição histórica, cultural, questões de segurança, não há
nenhum motivo que justifique o cercamento do Parque da Redenção. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Nereu D'Ávila está com a palavra em tempo de Liderança.
O SR. NEREU
D'ÁVILA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, uma das mais importantes matérias que está
sendo tratada neste momento refere-se a uma área nobre. Inexplicavelmente, está
sendo-lhe negado o direito à proteção e o direito do resgate à sua preservação.
Palavras ao vento e elucubrações sobre a aristocracia européia são apenas
divagações sonhadoras que não trazem a realidade do Parque. Em matéria
magnífica, a "Zero Hora" traz, na sua última página, um magnífico
cenário do Parque da Redenção. São risíveis , para não dizer irresponsáveis, os
dados fornecidos naquela matéria das págs. 37 e 38, não sei se pela Brigada ou por quem foi. Aquilo ali é
mais para convento de freiras do que para um parque, onde mataram uma pessoa
com pauladas, o que foi testemunhado por pessoas. O Ver. Carlos Garcia sabe.
Ele que é o Presidente da Associação dos Atletas que jogam naquele, felizmente
cercado, Ramiro Souto. Eu soube de manifestações que são contra. São contra,
porque a população, perguntada de supetão, diz: não, vai tirar a liberdade.
Agora, a reportagem traz 5, 6, 7 parques de outras partes do mundo que estão
cercados parcial ou totalmente para a sua preservação, porque anualmente o
parque está depredado. Dos quatro recantos magníficos que hoje lá há, três não
funcionam na parte mais bonita da estação do ano, a população não pode ir, ao
término da tarde, nesses recantos. O Recanto Alpino, inclusive, de tanto
arrombarem o próprio cadeado, soldaram; eu estive lá, estão soldadas as duas
portas que dão acesso ao Recanto Alpino. Então, colocar plaquinha da SMAM no
parque, com essa conversa de que aristocracia européia tinha áreas cercadas,
esse argumento não me serve. Os argumentos que me servem são o da depredação, o
do vandalismo e da falta de segurança no Parque. Os argumentos sempre são os
mesmos. O Ver. João Dib bateu nos mesmos argumentos de três anos atrás: mais
iluminação e mais segurança. Pois houve mais iluminação e mais brigadianos lá,
e a depredação continua, as coisas continuam iguais: assaltos, estupros e falta
de conservação do parque. É fácil ser contra, porque, evidentemente, tem que
fazer um investimento, que não vai ser só do dinheiro público não. Mas , na
realidade, por que o Parque Ibirapuera em São Paulo é cercado? Por que o Parque
Lage, o Campo Santana no Rio de Janeiro são cercados? Em 20 de março de 1995 -
tenho o recorte do Jornal do Brasil - o mesmo dilema ocorrido no Parque Guiler,
levou a uma democrática votação da população. O impressionante é que o
representante do Partido Verde de lá, o Sr. Alfredo, que hoje ainda é
Vereador, pessoa responsável no Rio de
Janeiro, reeleito várias vezes, foi Secretário do Meio Ambiente do Rio de
Janeiro, foi PDT, quando Brizola chegou em 1979, depois mudou para o Partido Verde, fez boca-de-urna para o
cercamento do Parque Guiler, a votação venceu, e o Parque foi fechado. E por
quê? Porque é bonito cercado? Não, é porque tem que cercar para proteger o
patrimônio público. Podem dizer o que quiserem, sei que se colocar em votação
aqui será derrotado, porque a maioria das pessoas não viajam, não vêem o mundo,
não sabem o que acontece no além-fronteiras, há o protecionismo nesta Cidade.
Agora, não é por ser o autor da lei que desejo fechar o Parque, mas no ano
2030, 2050 este Parque estará cercado como o Parque Tivoli, em Copenhague,
servindo de turismo para os porto-alegrenses. O Parque Tivoli, com 9 hectares,
é uma das maiores atrações de Copenhague. E, aqui, são 37 hectares! Recebi uma
carta, ontem, do Sr. José Conrado de Souza, Presidente dos Febianos, da FEB,
lamentando, que estão fazendo churrasco, pichando o Monumento aos
Expedicionários, que foi construído em homenagem àqueles que tombaram nos campos
da Itália, na II grande Guerra Mundial. Então, por todos os motivos, o
cercamento do Parque da Redenção é necessário. Para concluir, no meu
entendimento, menos por segurança, porque realmente para segurança pode-se
fazer, até uma guarda interna, muito mais por preservação do patrimônio
público. Com que se gastou nesses 5 anos, de 91 a 96, na manutenção, já se poderia ter feito o fechamento do Parque,
que seria a solução melhor. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Fernando Záchia está com a palavra. Desiste. O Ver. Eliseu Sabino está
com a palavra em Comunicações.
O SR. ELISEU
SABINO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, neste momento, eu aproveito a oportunidade para
manifestar, aqui, a minha palavra de gratidão a Deus por poder ocupar esta
tribuna pela primeira vez.
Sou grato, também, à
comunidade evangélica, da Assembléia de Deus, da qual eu sou pastor, faço
parte, e à nossa comunidade da Zona Sul, onde temos trabalhos comunitários.
Ficamos muito felizes, porque fomos escolhidos para representar uma parte da
nossa sociedade, por que não dizer, e também todo o nosso município de Porto
Alegre.
No ano de 1995, eu fui eleito Conselheiro Tutelar, trabalhei durante um ano, juntamente com os
Conselheiros e adquiri um enriquecimento nessa área, e é uma das coisas que pretendo,
durante o meu mandato, acompanhar, porque sabemos da carência da nossa Cidade
com relação às crianças e até mesmo com referência ao próprio Conselho Tutelar.
Fiquei feliz ao ouvir do nosso Vice-Prefeito que ele dará uma atenção especial
ao Conselho Tutelar após assumir a Secretaria-Geral do Município. Pretendo,
junto com meus companheiros, manifesta aqui a minha disponibilidade de, no
momento em que for necessário, posicionar-me contra ou a favor, pois tenho
formação para tanto, e nesta Casa, certamente, as oportunidades surgirão, e ,
de mãos dadas, pretendemos o melhor para a nossa Cidade, atendendo às reivindicações de quem quer que venha nos
procurar. Como Presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esportes,
coloco-me à disposição para realizar um trabalho aberto, franco, livre, e ,
como já temos ouvido nesta Casa, estamos vendo que temos um grupo, uma equipe
de pessoas interessadas no bom andamento e no crescimento da nossa Cidade. E
nós, irmanados, não pensamos, em nenhum momento, em trazer aqui manifestações
irresponsáveis, mas sempre em trazer palavras de responsabilidade, apoiando,
quando tivermos que apoiar e dizendo não, quando tivermos que dizer não. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Carlos Garcia está com a palavra. Desiste. A Ver. Anamaria Negroni está
com a palavra. Desiste.
O Ver. Adeli Sell está com a
palavra em Comunicações.
O SR. ADELI
SELL: Sr.
Presidente, Srs. e Vereadores e Vereadora Anamaria Negroni. Hoje, se nós
abrirmos o jornal, se assistirmos a programas de televisão, notícias e programas de rádio, vamos ver que ao País se impôs uma única agenda: a
da reeleição. Acredito que nós, Vereadores, preocupados com o bem-estar do conjunto
da população, temos que nos manifestar diante da imposição desta agenda. Essa
agenda interessa única e exclusivamente a um cidadão: o atual Presidente da
República, e acredito que temos que , antes de mais nada, nos preocupar com os
interesses do conjunto da população e não de um indivíduo, porque a proposta de
reeleição no meio do mandato do Presidente da República ou dos atuais governadores, dos prefeitos é
inaceitável, um golpe contra a democracia. Nós poderíamos discutir a questão da
reeleição em tese. Eu, particularmente, tenho uma posição contrária à reeleição
dos executivos, mas estou aberto a esse debate. O nosso Partido fará esse
debate em um encontro nacional, no mês
de setembro. No entanto, temos uma posição do Diretório Nacional do PT
contra a reeleição dos atuais mandatários e acreditamos que disse o escritor José J. Veiga, na Folha de São Paulo, desta semana, que está na hora
de o Presidente da República começar a governar de fato e deixar de se
preocupar apenas com a continuidade do seu mandato. O que me espanta é que
alguns setores dos grandes meios de comunicação não têm identificado todos os
setores que se opõem à reeleição do Presidente da República. Provavelmente, o
Ver. João Carlos Nedel e o Ver. João Dib devem estar muito contentes, porque o
ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, é um dos que mais aparece contra a
reeleição e fico contente em saber que Partidos que têm profundas divergências
ideológicas e políticas conosco também questionam a reeleição. Agora, os meios
de comunicação deviam ter uma preocupação mais geral com todos os segmentos que
se opõem à reeleição do Presidente da República. Nós não podemos aceitar a
agenda que se impõe a nós. Nós precisamos colocar para a sociedade brasileira
uma outra agenda: a agenda social. Nós queremos cobrar do Presidente da
República, do governo federal a solução de graves problemas por que passa a
nação brasileira.
Enquanto estamos vivenciando
este debate, não temos qualquer política agrícola para o País. Temos uma safra
que se mantém sistematicamente em torno de 70 a 80 milhões de toneladas de
grãos, enquanto que precisaríamos ter o dobro dessa produção para alimentar
decentemente a população brasileira. Mas o governo prefere fazer esse debate
ideológico, fazer essa disputa na sociedade, ao mesmo tempo em que passa e
repassa dinheiro público a bancos privados. Portanto, precisamos fazer o debate
sobre as reais necessidades do nosso povo; a questão do desemprego; a questão
social e, particularmente, a exclusão social, o abandono em que se encontra o
povo mais pobre, pelo desemprego e por falta de condições de saúde e de estudo.
E o governo, sistematicamente, retira o dinheiro das áreas sociais para
investir em alguns empreendimentos econômicos - não necessariamente aqueles
empreendimentos econômicos que são a sustentação da economia brasileira.
Nós só voltaremos a ser um
País que poderá ser chamado de economia emergente, como gostam de dizer os
cientistas americanos, quando começarmos a ter novamente um processo de
investimento público na agricultura, porque ela dará sustentação à
possibilidade de uma grande agroindústria no nosso País, que desenvolverá
também a indústria de máquinas e implementos. Nós sabemos que com o aquecimento
da economia teremos maior consumo e, conseqüentemente, maior arrecadação de tributos. Por isso, é insustentável a
posição do governo, hoje, em termos econômicos, em termos sociais e em termos
político-ideológicos. Então, queremos fazer um apelo aos Vereadores, para que possamos
fazer uma profunda reflexão sobre esses temas aqui, nesta Casa, porque nós
precisamos responder ao que dizem os jornais de hoje. Ontem, o Vice-Prefeito
José Fortunati esteve com os agricultores da zona sul da capital que estão num
momento importante da colheita de frutas, mas, como eles, nós também temos os
hortifrutigranjeiros da região do Vale do Caí. Temos o problema de nosso
agricultor que plantou e foi incentivado a plantar trigo em várias regiões do
Estado. E temos hoje um problema de colocação do trigo no mercado, porque o
governo fez um acordo com o governo argentino e importa farinha da Argentina,
colocando em risco a economia gaúcha. Hoje, temos uma produção de um bilhão de
toneladas de trigo superando a de dois anos atrás que era de 600 milhões de
toneladas. Portanto, precisamos ter uma política de incentivo à produção e
fazer com que possamos trabalhar a questão também da colocação desses produtos
no mercado. É inaceitável hoje que tenhamos na Capital apenas a CEASA,
ultracentralizadora de toda essa produção que viaja de um canto para outro.
Queremos sugerir a feitura de um documento para apresentar ao Secretário
Municipal da Indústria e Comércio para que tenhamos além das feiras-modelo, que
são um exemplo importante da implementação de uma política de descentralização
do abastecimento de nossa Cidade, pontos específicos de distribuição de
alimentos além das atuais feiras-modelo.
Gostaria de sugerir que
debatêssemos publicamente para que em outras
regiões possa haver CEASA e microCEASAS, porque, dessa maneira, teríamos
melhores condições de colocar o produto no mercado. Portanto, a questão que se
coloca para nós é uma outra agenda. Temos que discutir a agenda social, a
agenda política que está fora da nossa realidade. É muito ruim vermos o
Congresso Nacional, as Assembléias Legislativas e as Câmaras de Vereadores
sendo bombardeadas diariamente por um único assunto: a sucessão presidencial do
atual mandatário através de uma política de pressão sobre o Congresso Nacional
para impor a reeleição do Presidente da República, por obra e gosto seu e não
do conjunto de 150 milhões de brasileiros que têm hoje uma política recessiva,
coloca milhões no desemprego e coloca a nossa agricultura na desgraça. Gostaria
de deixar registrado isso para a nossa reflexão e posterior debate:
implementação de políticas em nível local, mas, naquilo que pudermos colaborar,
também enfocaremos a política do Estado e do Brasil. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. João Carlos Nedel está com a
palavra em Comunicações.
O SR. JOÃO
CARLOS NEDEL:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é com imensa alegria que participo pela
primeira vez desta tribuna. Primeiramente desejo manifestar a minha satisfação
de pertencer a esta Casa, para a qual
fui eleito, e dizer que é muita honra estar aqui contribuindo para a realização
do bem comum. O segundo ponto: li com muita alegria a manifestação do Sr.
Secretário de Governo José Fortunatti, que espera manter com esta Casa uma
relação proveitosa e cordial, inclusive com as oposições. Quero, de minha parte,
apenas dizer que farei uma oposição responsável e alerta em defesa sempre do
bem comum e dos altos interesses de Porto Alegre.
Mas já que o Sr. Secretário
de Governo se manifestou referentemente a este Poder Legislativo, eu queria
aproveitar a tribuna que tenho para enviar-lhe dois recados. Primeiro recado:
que ele, por favor, entre em contato
com as suas Bancadas na Assembléia Legislativa e Câmara Federal para que também
mantenha a mesma postura responsável vinculada sempre aos altos interesses do Estado
e do País.
O segundo recado é para que
o Sr. Secretário se empenhe ao máximo para que, também, o Executivo receba com
a máxima atenção as propostas e sugestões que esta Câmara, por certo, enviará a
respeito das medidas que deverão ser tomadas em benefício de nossa Cidade, na
solução dos vários problemas que temos, entre os quais relaciono a readequação
tributária, o desenvolvimento econômico do nosso Município, o desemprego e os
problemas de trânsito.
Mas, Sr. Presidente e
prezados Vereadores, o meu objetivo principal desta manifestação é, justamente,
demonstrar a minha preocupação com o que os jornais noticiaram, na semana
passada, que é a maior preocupação nacional, atualmente: é o desemprego, que já
foi citado aqui pelo Ver. Adeli Sell. Nós todos sabemos que o desemprego é um
problema mundial, mas também estamos cansados, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, de ouvir desculpas, as mais diversificadas possíveis para
justificar esse problema; e soluções, contribuições efetivas pouco se vêem. Eu
queria, então, discutir com os meus colegas Vereadores o que realmente o Município pode fazer,
efetivamente, para solucionar esse problema, essa calamidade. Sugiro que
possamos juntos sentar e arrolar medidas urgentes e emergenciais para enfrentar
este problema e não ficarmos, apenas, na retórica. Precisamos de medidas
objetivas e efetivas. Sei, Srs. Vereadores que nós muito podemos colaborar para
devolver a dignidade a mais de 10% da população de Porto Alegre, que hoje sofre
com esse problema. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Sr. Cyro Martini está com a palavra em Comunicações.
O SR. CYRO
MARTINI:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, para mim é insatisfatório, desprazeroso, ter
que reprisar algo sobre o que me manifestei na reunião anterior. Todavia, eu
quero deixar bem claro, porque , se de um lado existem aspectos legais que
norteiam a dinâmica da Casa, esses aspectos, no que me concerne, foram muito
bem examinados. Bem examinados tanto pelo setor competente da Casa quanto pela Bancada
do ilustre companheiro Juarez Pinheiro. De outra parte, nós não podemos nos
esquecer disto: as relações entre os que compõem esta Casa dão-se em níveis
estratégicos , psicológicos, dentro desse patamar. E por aí eu quero dizer que,
se a estratégia vem para mim, o Ver. João Dib, visa a me intimidar, a
embaraçar-me, para de plano me eliminar, criando dificuldades. Se ele pensa que
vou ficar, em termos comuns, com medo, está equivocado. São trinta anos e
tantos mais no exercício de uma função pública, no exercício, de titularidades
delicadas; não há de ser o Ver. João Dib, com todo o passado ilustre, sem
dúvida, que merece todo o reconhecimento da Cidade, que vai me deixar
prostrado, abatido, preocupado, amedrontado. Eu acredito que tem uma estratégia,
e tem, pelas colocações mais da Sessão anterior do que pela de hoje, de atingir
tanto a Presidência desta Casa como o Executivo Municipal. Acredito, também,
que não vão cair de medo, com todo o respeito que o Ver. João Dib merece.
Quero, também, deixar claro
que não tenho nada a ver caprichos de quem quer que seja. Eu sou suplente,
estou tentando aqui, na condição de titular eventual, desincumbir-me dessa
função. Não tinha e não tenho aspirações maiores na direção desta Casa, mais
especificamente na Presidência. Se alguém embaraçou algum capricho, algum
desejo, alguma aspiração legítima de ser Presidente da Casa, eu não tenho nada
a ver com isso. O endereço não é a minha pessoa, é outro Qual é eu não sei. Se
é nos próprios pares, pode ser. Se é naqueles que se antepõem ao desejo, eu sou
obrigado a dizer, em razão da teimosia e da insistência, é um capricho. Então,
essa colocação me deixa tranqüilo, porque intimidação não vai me colocar fora
de ação.
De outra parte, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há
algo que me preocupou extremamente, em razão, em primeiro lugar, das acusações,
às vezes nem sempre veladas, desse cidadão que é Secretário da Justiça e da
Segurança do Estado contra aqueles que trabalharam e trabalham no DETRAN,
quando ele usa com um toque especial a palavra e o adjetivo seriedade. Essa
expressão "seriedade" na boca do Secretário da Segurança e de seus -
diria numa expressão antiga - acólitos, ela tem o cheiro, na boca deles, de
imoralidade. E isso nós não podemos admitir. Nós que trabalhamos no DETRAN - e
aqui nós temos mais servidores que lá trabalharam, não apenas eu - não podemos
admitir adjetivos daquela ordem que conspurquem, que procurem manchar o nosso
nome. Esse cidadão era ainda criança quando muitos nomes expressivos da administração
pública do Estado, não só da polícia,
trabalharam no DETRAN; esse
cidadão era criança e não sabe daquele passado, não percorre os corredores do
DETRAN; ele não tem o direito de manchar o bom nome de quem lá trabalhou. Ele
não sabe, mas insiste em dizer. Não são só
policiais que trabalham no DETRAN, há uma gama de servidores de toda
ordem e de todos os níveis. Se ele e o Governador do Estado, por razões que
eles devem saber quais são, querem autarquizar e privatizar o DETRAN, vá lá,
mas quando nós ouvimos, hoje, na Rádio Gaúcha a palavra, que de certo modo me
causou surpresa, da jornalista ilustre Ana Amélia, falando de Brasília, acerca
dessa figura que veio aportar como grande expressão do trânsito, que foi o Sr.
Roberto (?), quando ouvimos, começamos a pensar que aquelas conversas em torno
do Palácio da Polícia e de outros setores da Administração Pública começa a nos
martirizar mais, a exigir mais o nosso pensamento. O Sr. Roberto - nós não temos os dados à mão, mas temos a
notícia colocada ligeiramente pelo programa do Ranzolin, na Gaúcha, hoje, pela
manhã - faz parte como consultor de uma empresa, que, segundo eu sei, está
justamente concorrendo ou ganhando essa licitação concernente à vistoria pelo
DETRAN. É claro que, quando o DETRAN foi autarquizado, de súbito, às pressas,
numa convocação extraordinária, sem os projetos de autarquização do DETRAN e da
privatização ou concessão da vistoria do DETRAN, naquela convocação
extraordinária, nos preocupou. Por que, depois de vários anos administrado pela
polícia , pela segurança, apressadamente autarquizar e privatizar a vistoria do DETRAN? Por que essa pressa?
O SR.
PRESIDENTE:
O seu tempo se esgotou, Sr. Vereador.
O SR. CYRO
MARTINI: Eu
agradeço, Sr. Presidente, mas esse é um
assunto deveras importante e o aumento das taxas já começa a colocar ação sobre
aqueles que estavam preocupados. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. João Dib está com a palavra em tempo de Liderança.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gosto de
dizer que sou um homem coerente e responsável, mas sou uma criatura humana
igual às outras. De repente, poderia estar influenciado pelo apreço que tributo ao Ver. José Valdir,
pelo grande carinho que tenho pelo ex-Vereador Giovani Gregol e deixaria o meu
raciocínio ser embotado e não raciocinaria com a clareza de sempre. Aí, fique
preocupado. Eu que não conjugo o verbo intimidar, o verbo embaraçar, o verbo
eliminar, mas conjugo com muita clareza o verbo respeitar, fui buscar subsídios
nos arquivos da Casa.
Na realidade, em 1993,
presidi a reunião que empossou os Vereadores. Depois entreguei a Presidência ao
Ver. Wilton Araújo. O Ver. Giovani Gregol, na forma daquele brilhante Parecer
da Dra. Marion, se licenciou no dia 01 de janeiro de 1993. Portanto, no seu
lugar poderia assumir outro Vereador. O outro Vereador seria o Ver. José
Valdir, que também se licenciou e assumiu o Ver. Gerson Almeida. Portanto, foi
absolutamente legal, e não tenho que ter preocupação por não ter sido coerente.
Eu fui coerente, por isso não reclamei naquela oportunidade. Está aqui o ofício
do Ver. Giovani Gregol e vou lê-lo. "O Vereador que subscreve requer, nos
termos do art. 218, VIII, licença para ser investido no cargo de Secretário
Municipal do Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Porto Alegre a partir da
presente data (01 de janeiro). Está aqui também a Ata da Sessão. Ela relata o
seguinte: "A seguir foi aprovado o Requerimento do Ver. Giovani Gregol,
solicitando licença para assumir cargo público nos termos do art. 218, inciso
8º do Regimento, tendo o Sr. Presidente declarado e empossado na Vereança
o Suplente José Valdir após a entrega
do diploma, da declaração de bens e da
prestação de compromisso legal. Em prosseguimento foi aprovado o Requerimento
do Ver. José Valdir solicitando licença para assumir cargo público nos termos
do art. 18, inciso 8º do Regimento Interno. A seguir, o Sr. Presidente declarou
empossado na Vereança o Suplente Gerson Almeida, após a entrega do diploma, da
declaração de bens e da prestação de
compromisso legal, comunicando que passaria a
integrar a Comissão de Economia e Defesa do Consumidor." Isso se
chama conjugar o verbo respeitar, e não outros verbos que este Vereador não
costuma conjugar, até porque eu não gosto de eliminar, nem embaraçar alguém, e
muito menos em minha vida tentei intimidar alguém; agora, respeito é uma coisa
que se exige. Nos ofícios os Vereadores João Verle e Henrique Fontana pedem
licença a partir de dois de janeiro, e a partir dessa data foi-lhes dada
licença, sob o risco de termos, no dia
primeiro de janeiro, trinta e cinco Vereadores nesta Casa.
Essa é a razão da
preocupação deste Vereador para que o respeito seja imposto, para que a lei seja respeitada, e que as
insinuações de amizade ou de
convivência política sejam usadas. É preciso que a lei seja clara, precisa,
concisa e respeitada. Esse é o verbo que tenho conjugado ao longo de todo o
tempo nesta tribuna, e não agora neste ano. Eu sou atento. Não tenho nada
contra a figura de Cyro Martini que foi um bom diretor da Escola de Trânsito,
MINITRAM, seu criador, inclusive. Não tenho nada contra o excelente Ver. Lauro Hagemann,
mas tenho tudo contra o desrespeito à Lei Orgânica, art. 68, e o art. 218 do
Regimento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Fernando Záchia está com a palavra em Comunicações.
O SR. FERNANDO
ZÁCHIA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Ouvi antes, atentamente, a manifestação do Ver.
Guilherme Barbosa, quando se referia ao problema dos incêndios e à atuação do
Corpo de Bombeiros em Porto Alegre. É extremamente preocupante a situação do
Corpo de Bombeiros, e o Ver. Guilherme Barbosa, como cidadão e Vereador de
Porto Alegre, mesmo sabendo que esta instituição é uma questão estadual, mostrava
a sua preocupação; parece-me haver concordância nesta Casa. Mas o Vereador
alertava, até com um Projeto seu aprovado no final do ano com o apoio do PMDB, para que pudéssemos estender
os hidrantes em Porto Alegre e assim melhorar esta questão de segurança em
relação aos fogos. Mas o Ver. Guilherme Barbosa, que é certamente um homem
atento, que lê jornais, dizia que o Governo do Estado deveria investir mais na
questão da estruturação do Corpo de Bombeiros. Todos os Vereadores têm a
preocupação de ler os jornais para
poder falar, principalmente, das questões que envolvem Porto Alegre. O
"Correio do Povo" de hoje diz: "Bombeiros vão ser reequipados. O
Secretário de Segurança, José Eichenberg, informou ontem, no dia 07, que até o
final de março chegarão às guarnições do Corpo de Bombeiros no Estado todos os
equipamentos comprados através de licitação aberta no final do ano passado. No
total foram gastos mais de dois milhões. Foram adquiridos 05 veículos, 04
barcos, escadas prolongáveis, capacetes, 20 conjuntos de roupas contra fogo, 50
aparelhos de respiração, bóias e cintos para salva-vidas, mangueiras e uma
escada de 900mil". Tive a preocupação de ler na íntegra, até para que se tenham o conhecimento antes que
se façam insinuações de pouco investimento ou de falta de investimentos na área
de segurança pública; para que se tenha
o conhecimento de que o Governo do Estado está também atento, da mesma maneira,
Ver. Guilherme Barbosa, no que diz respeito à segurança pública da cidade de
Porto Alegre, tanto que procedeu no mês de novembro uma licitação. O Governo do
Estado tem essa preocupação e tem demonstrado isso dentro das suas
possibilidades, investindo também no Corpo de Bombeiros. Eu queria trazer esta
informação à Casa, evidentemente, mas principalmente ao Ver. Guilherme
Barbosa que, muito atento, falava na
questão do Corpo de Bombeiros. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra em Comunicações.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na nossa primeira intervenção na nova
Legislatura, no novo ano de 1997, eu quero, em primeiro lugar, saudar a todos
os Vereadores, especialmente os companheiros membros da Mesa Diretora. E me
permito, Sr. Presidente, me dirigir especialmente aos companheiros do PT, à
Liderança, ao Ver. Gerson Almeida, para abordar, aqui, se possível, duas
questões. São duas questões que me preocupam, Ver. Gerson Almeida, ligadas
àquilo que eu chamaria da necessária manutenção de palavra e respeitabilidade de negociações que são desenvolvidas no
Plenário da Casa, sob pena de inviabilizar negociações de votações.
O Executivo Municipal já
homologou e já oficializou, portanto, a Lei Complementar 395, que é o Código
Municipal de Saúde. E, ao mesmo tempo, enviou à Casa o Ofício 544 GP, 26 de
dezembro de 96; portanto, andou com muita pressa o Executivo, com o conjunto de
Vetos Parciais ao mesmo Código Municipal da Saúde.
Eu não vou comentar, aqui, o
absurdo de o Executivo vetar coisas que o próprio Executivo escreveu e mandou
para a Casa, pedindo para ser aprovado. Isso fica para uma outra ocasião. Mas
eu quero me referir especialmente, pedindo a intervenção do Ver. Gerson
Almeida, enquanto Líder do PT, na seguinte questão: está sendo vetado o art.
36, que resulta de uma Emenda de minha autoria, que foi devidamente negociada
com o hoje titular da Secretaria Municipal da Saúde, então Líder do PT da
Câmara, Ver. Henrique Fontana, mais o assistente da Secretaria Municipal da
Saúde, que aqui se encontrava e participava das negociações conosco na sala ao
lado, e que diz o seguinte: "Lei Ordinária criará e regulará a criação e
institucionalização de sistema que preveja a coleta, seleção, reciclagem,
tratamento e distribuição de alimentos de restaurantes e entidades similares em
prol de crianças e idosos desnutridos vinculados a creches, escolas, asilos e
associações variadas da comunidade".
Essa negociação, Ver. Gerson
Almeida, foi desenvolvida com o Ver. Henrique Fontana, foi transmitida à
Bancada do PT, tanto que a Bancada votou unissonamente com nossa Emenda, e,
para minha surpresa, chega agora o Veto. Quando conversamos com o representante
da Secretaria Municipal da Saúde, chegamos a dizer a ele do Código Municipal da
Saúde que teríamos na Bancada do PSDB no próximo ano o Ver. Cláudio Sebenelo
que teve, na prática, a aplicação de um procedimento semelhante quando diretor
do Hospital Conceição. Não queremos impor nada. Queremos abrir um caminho,
deixar consignado previamente na legislação um caminho que, em primeiro lugar,
já está na lei plurianual do Orçamento, uma Emenda de minha autoria quando
Relator na Comissão de Finanças e Orçamento, que prevê esse tipo de trabalho na
área da saúde e assistência social. O segundo passo era essa Emenda, que foi
colocada. Depois discutimos com a representação municipal do Executivo. Acho um
absurdo que países ricos e cidades
multimilionárias como Nova Iorque, através da sua prefeitura, sejam capazes de
ter uma preocupação semelhante, institucionalizada em lei, uma entidade
específica que se preocupa em fazer um cadastramento de restaurantes,
recolhimento de sobras de comida, que não é resto, sobre tudo aqueles self
services, que são obrigados a ter produção de alimentos superior ao consumo,
para poder atender, de imediato, as pessoas e redistribuição a entidades
cadastradas. O Prefeito Municipal, orientado pela Secretaria da Saúde, invoca o
art. 371 do Decreto Estadual. Mas se o Estado repassou isso ao Município, e o
Município emite uma Lei Complementar é evidente que o Decreto foi "para as
cucuias". O Decreto deixa de existir, a não ser por má-fé do Executivo, a
não ser que se queira invocar um fantasma e, sobretudo, a não ser que se queira
persistir em um erro - o PT tem sido muitas vezes cobrado de não aceitar fazer
assistência social na Cidade ou fazê-la muito timidamente. Lembro, Ver. Adeli
Sell, que me ouve com muita atenção, que eu ainda no PT, na campanha do depois
Prefeito Tarso Genro, uma das discussões internar que fazíamos era sobre a
timidez com que o PT desenvolvia a assistência social com relação a mulheres,
crianças de ruas, cidadãos postos na rua. A presença do Ver. José Valdir na
FESC foi um impulso forte, mas que ainda é muito tímido e que deve ser mantido.
Eu apelo aos companheiros do PT, não apenas na questão de manutenção de
palavra, que é fundamental, se negocia em Plenário. Isso tem que ser cumprido
depois com o Executivo, caso contrário, o Líder do PT não tem mais nenhuma
responsabilidade e credibilidade aqui dentro, Ver. Gerson Almeida. Não estou
cobrando de V.Exa., mas acho que o Ver. Henrique Fontana negociou em nome do
Partido e em nome do Governo. Foi isso que assegurou votos de apoio, por
exemplo, da Ver. Clênia Maranhão, que não teve artigos vetados, a única Emenda
que fiz foi vetada e por aí afora. Tenho uma preocupação. Vamos entrar nessa
discussão quando retomarmos os trabalhos plenos da Casa. Faço um apelo: eu acho
um absurdo colocarmos cerca de dez
toneladas de comida, por dia, fora nesta Cidade. Comida boa, e temos centenas
de pessoas passando fome. Temos uma idéia, Ver. Gerson Almeida, mas isso é uma negociação a ser feita com o Ver.
Cláudio Sebenelo, comigo, com V.Exa., com quem for designado pelo Partido e
pelo Governo para se criar um serviço experimental, talvez, a partir do
Hospital Conceição, juntando o trabalho federal do Hospital Conceição com o
trabalho municipal de se ter caminhões, carros devidamente preparados para
fazer a recolha. Os restaurantes estão disponíveis e prontos para colaborar. É
um absurdo que a Prefeitura se negue a fazer o mínimo. O Ver. Juarez Pinheiro
que trabalhou no Hospital Conceição certamente sabe desse episódio e sabe o
quanto deu certo nas vilas, próximos à Vila Jardim, quando começou a se
recolher as verduras da CEASA ou das feiras próximas e se começou a fazer pequenos tabletes de verdura
desidratada e dar para as crianças. Elas conseguiram melhorar a sua saúde. Isso
é assistência social. Então, faço um apelo ao Ver. Gerson Almeida para que, se
de um lado não podemos mais retirar o Veto, a Bancada do PT na discussão com o
governo, encaminhe a manutenção do artigo e a derrubada do Veto especificamente
nessa área, até por uma questão de respeito ao que foi discutido aqui. Mas,
sobretudo, eu gostaria que se abrisse um caminho no sentido de se fazer uma discussão na assistência
social, que não é para mim - não passo fome e nenhum dos Vereadores passa - mas
é para essa massa fantástica de gente - sobretudo de crianças e de velhos
necessitados. Eu não quero dar para
indivíduos, pois aí vamos correr o risco do cuidado sanitário; eu quero
transferir para entidades, para que elas façam a redistribuição.
O Sr. Nereu
D'Ávila:
V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Neste início de Legislatura
e de Sessão Legislativa, eu gostaria de alertar para que a nova Liderança do PT
tenha muito cuidado com as questões de acordos, para não se incorrer no fato
lamentável de que é feito um acordo e depois a Procuradoria, uma vez derrubado
o Veto, entra na Justiça. Isso ocorreu comigo. O atual Secretário da Fazenda e
o ex-líder do PT, Henrique Fontana, acordaram comigo sobre a isenção de IPTU
para quem adotasse meninos de rua, e depois alegaram que a Procuradoria, sem conhecimento, entrou na Justiça. Depois
que entra na Justiça só tem que acatar o resultado.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT:
Eu agradeço o aparte de V.Exa. Acho que é fundamental para a Liderança do
partido do governo, independente dos seus 14 votos, que aquilo que for de fato
negociado com as Bancadas de oposição seja cumprido, porque senão vai ficar
difícil a gente poder fazer negociações
aqui na Casa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Gerson Almeida está com a palavra em tempo de Liderança.
O SR. GERSON
ALMEIDA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o motivo original da minha inscrição era
pontuar a intervenção do Ver. Nereu D'Ávila, que respondeu à minha colocação
sobre o Parque da Redenção.
No entanto, eu vou, em
primeiro lugar, tratar desse assunto que o Ver. Antônio Hohlfeldt traz à Mesa,
e falo em nome de toda a Bancada, quando digo que nós vamos nos empenhar para
que todos os acordos feitos em Plenário sejam honrados sem nenhuma exceção. Esse é um empenho que
vamos fazer e, no caso concreto, vamos discutir com o Secretário Municipal da
Saúde os motivos que levaram a esse Veto e tentar compor a situação, inclusive,
com a participação do Ver. Antônio Hohlfeldt. O Henrique sabe muito bem da
necessidade de levar a contento as questões. Voltando à questão da Redenção,
gostaria de registrar minha surpresa em relação aos termos com que o nobre Ver.
Nereu D'Ávila tratou os dados que eu trouxe à tribuna, quando diz que são
rizíveis os dados da Brigada Militar. Eu acho que isso é grave e complicado,
pois, na medida em que os dados do órgão responsável pela segurança pública no
Estado do Rio Grande do Sul são rizíveis, então, estamos em uma situação muito
séria e grave em termos de segurança pública no Estado. Quero lembrar ao nobre
Ver. Nereu D'Ávila que o convênio assinado para o policiamento do Parque por 24
horas foi assinado pelo Prefeito Tarso
Genro e o Governador Alceu Collares, o Comandante da Brigada Militar e o
Secretário Municipal do Meio Ambiente de então. Os dados que tínhamos do
Comandante indicado pelo Governador Alceu Collares eram de que caíram
sensivelmente as ocorrências no Parque da Redenção. Tenho a palavra do
Comandante do Governo Collares e do atual Comandante da Brigada. Acho que é
muito séria a acusação do Ver. Nereu D'Ávila de que os dados da Brigada são
rizíveis. Gostaria que ele retirasse isso ou comprovasse com alguma evidência que é possível tratar assim essa corporação centenária e séria do
Estado. Ele citou também, e acho que foi pouco sério, que houve uma morte a
pauladas, há dois meses, no Parque da Redenção, testemunhada por dezenas de
pessoas; inclusive, citou o testemunho do Presidente da Associação dos
ex-esportistas Ramiro Souto, e eu estava junto com o Ver. Nereu D'Ávila num
debate, quando esse cidadão, que agora não recordo o nome, Sr. Jorge ou Paulo
colocou isso e eu perguntei na televisão - o Vereador confirma isso -: tu
vistes isso? - ele disse que não viu, logo, parece-me muito sério, que venha
para a tribuna um Vereador com a seriedade do Ver. Nereu D'Ávila e diga:
"Bom, o cidadão que ele evocou aqui, a testemunha, não viu isso."
Segundo os milhares de ouvintes da TVCOM, ele viu um corpo lá, agora todos nós
sabemos, e o Ver. Nereu D'Ávila sabe muito bem, que há lugares que são próprios
e, em muitos casos, são jogados corpos assassinados. Eu acho que temos que
debater, o debate é muito bom, no entanto, o apelo que eu faço é de que nós
debatamos com argumentos mais sérios e que ao trazer juízos afirmações aqui,
não coloquemos em questão somente os dados oponentes sobre segurança pública no
Estado e sobre a Brigada Militar. Eu acho que é muito grave que nós coloquemos
isso em questão, porque senão vamos colocar todos os dados do Estado em
questão, não só da Redenção. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra em tempo de Liderança.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu retorno à tribuna, em primeiro lugar, para
agradecer ao Ver. Gerson Almeida e, em segundo lugar, para abordar dois temas.
Mas, Sr. Presidente,
realmente, há algumas questões em que é difícil de a gente entender como as
coisas acontecem. Já, numa vez anterior, fiz esse Pedido de Providências, ele
me veio com o atendimento solicitado e era mentira. E, agora, pela segunda vez,
eu voltei ao assunto, que é o Pedido de Providências número 421/96, de 29 de
julho, que pede implantação de mão única na Rua Cruz Jobim, desde a Av. Antunes
Ribas, até a Av. Assis Brasil. Para que se situem os Vereadores, principalmente
o Ver. Gérson Almeida, a Rua Cruz Jobim, ela sai da rua Baltazar de Oliveira
Garcia e vem até a Antunes Ribas, exatamente lá no Parque Jardim Sabará. Esta
rua que é extremamente estreita, ao lado da qual existe um postinho da Brigada
Militar, é uma rua que apenas na primeira quadra, entre a rua Lopes e a
Baltazar, possui mão única no sentido de direção à avenida, por que? Porque a
Prefeitura, a SMT, corretíssimamente, retirou o acesso à Av. Baltazar pela
avenida lateral, paralela à Cruz Jobim, porque obrigava a ter uma sinaleira de
três tempos. Então, se retirou isso, e a Otávio Freitas não dá mais acesso a
dobrar à esquerda na entrada da Baltazar, e a Cruz Jobim faz este acesso,
correto, perfeito. Ficou um binário que funciona muito bem, só que ficou um
binário aleijado, por que? Porque da rua Lopes para cima até a Antunes Ribas
ela é dupla mão. Então, se enfrenta dois tipos de problema. Em primeiro lugar,
ali são casas residenciais e, evidentemente, os donos das casas têm seus
automóveis e colocam os seus carros junto ao meio-fio; quando vem caminhão ou ônibus em uma direção
e se está indo na outra direção, evidentemente, tranca tudo. Agora, o mais
grave, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é que - eu não sei o porquê - a SMT faz
a empresa de ônibus da linha Coima gastar óleo diesel à-toa. Porque a linha
Coima que vem pela Baltazar, logo que passa o triângulo, entra na Otávio
Freitas e na rua Lopes ela desvia pela
esquerda e pega a Cruz Jobim, para depois voltar para trás, através da Antunes
Ribas e subir a Paul Harris, passando até lá a sede do SESC; quando chega na
Protásio, faz uma baita barriga que, no dia-a-dia, deve aumentar alguns
quilômetros de rodagem desnecessariamente, quando tem uma avenida inteira para
o ônibus trafegar com muito mais tranqüilidade. A conseqüência grave qual é? É
que quando chega na esquina da Cruz
Jobim com a Antunes Ribas, o motorista que desce a avenida não enxerga o ônibus
que sobe e ali a manobra é extremamente estreita e, de vez em quando, ou o
motorista do ônibus é muito bom e dá uma freada violentíssima, ou o motorista
do veículo particular é muito bom e joga o carro para o lado de qualquer
maneira, porque senão o choque é inevitável.
Então, a SMT já deveria ter
se dado conta disso; se a SMT mandasse um técnico, dos que fazem as
sinalizações, até o local, certamente o Vereador não precisaria de um Pedido de
Providências. O problema é que muitos técnicos da SMT continuam coma velha mania,
que eu encontrei, quando fui Secretário em 1989, de decidir as coisas sentados
na poltrona. Então, eles olham o mapa, vêem a ruazinha e decidem no joguinho,
sem ir lá ver a conseqüência do que nós temos. A conseqüência que nós temos é
que no dia em que houver uma batida,
nós vamos ter feridos graves, se não mortos. Porque, dependendo da violência da
batida, o veículo que estiver descendo a Paul Harris e demandando a Cruz Jobim,
vai ser jogado no valão da Antunes. É só isso que nós vamos ter. E o Ver.
Juarez Pinheiro conhece muito bem a zona, porque fez campanha forte lá, então
sabe bem do que estou falando, e sabe bem do risco que estou observando em
relação a essa situação.
Eu faço um apelo à Bancada
do PT, para que a SMT pare de responder como solicitação atendida pela SMT, uma
solicitação que de fato não foi atendida. Em segundo lugar, que se cumpra de
fato aquilo que se encaminhou, por questão de segurança dos motoristas naquela
região. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Nada mais havendo a tratar encerramos a presente Reunião, convocando os Srs.
Vereadores para a Reunião Ordinária de amanhã, no horário regimental.
Estão encerrados os
trabalhos.
(Encerra-se a Reunião às
11h41min.)
* * * * *